Antes de tudo devo avisar que esse blog não é sobre óbitos. Falemos de coisas, e elas podem estar mortas. Mas falemos da cultura que se foi, da música que não emplacou, dos marginais do pop e anti-heróis desse planeta sobrecarregado de gente, gente que fica, pesando e enchendo.
O quinto finado da semana era meu vizinho. Morreu Ernesto Paulella, o personagem do Samba do Arnesto, de Adoniran Barbosa. Ele não era do Brás, era da Mooca, aonde faleceu aos 99. Quando foram apresentados, criador e criatura, o compositor disse: "você é Arnesto? Porque seu nome dá samba. Você aduvida?". Anos depois foi surpreendido pelo rádio e se emocionou. Diz ele que nunca convidou a turma para um samba, nem no Brás, nem na Mooca, e portanto, jamais deu a tal mancada. Também nunca precisou assinar em "X". Sabia escrever, era músico e advogado.
Obrigado por ter existido, Arnesto.
Ainda é cedo demais para se considerar São Paulo o túmulo do Samba, ao menos enquanto a gente tiver o privilégio de ouvir Samba do Arnesto com os Demônios da Garoa. #chupaviniciusdemoraes